O autor deste pequeno livro é um conhecido psiquiatria da nossa praça que foi um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar. Isto foram pontos que suscitaram o meu interesse em ler este livro que me foi vivamente recomendado pela sua "dona", digamos assim.
Nele fala-se de relações. De amor. De casais. De filhos. De separações.
Temas conhecidos e que nos fazem reflectir a todos. Que, por vezes, nos fazem ganhar "borboletas na barriga" e que, outras, nos fazem ficar extremamente irritados.
São abordados de forma simples e descomplicada. De um modo que, na minha opinião, aproxima o autor do seu leitor o que faz com que este último, se identifique com muito do que lê. Pelo menos comigo, isso aconteceu o que faz com que atribua 5 estrelas a este pequeno mas sumarento livro.
Continuando com a volta ao mundo em leituras, iniciativa do grupo do Facebook World Book Tour, o mês de Março seria para ler autores originários da Albânia. Apenas terminei o livro escolhido esta semana mas gostei bastante e fiquei extremamente surpreendida e impressionada com alguns dos usos e costumes albaneses que são relatados. Efectivamente, são estas descobertas relativas as diferenças culturais que fazem com que me esteja a dar imenso gozo participar neste projecto.
Em Maio, segue-se Andorra. Já li todos os países que estão para trás e estou ansiosa por descobrir mais sobre Andorra, um pequeno país sobre o qual não sei praticamente nada para além do facto de se situar no continente europeu. Tinha este mesmo desconhecimento face à Albânia pelo que resolvi fazer uma pequena pesquisa para, posteriormente, prosseguir com a leitura. Aliás, tenho feito o mesmo com todos os países.
A Albânia é um pequeno país situado no sudeste da Europa que pertencia ao antigo império Otomano. A história deste país está marcada por inúmeros conflitos
relacionados com questões políticas que marcaram grandemente os
albaneses. A sua capital é Tirana.
O país é extremamente montanhoso pelo que, os naturais desse país se denominam a si próprios de skipetars, ou seja, "moradores de terras altas". É dos países menos desenvolvidos e mais pobres da Europa mas, ao longo dos últimos anos, têm-se assistido a um aumento do número de turistas estrangeiros os quais buscam, sobretudo, as belas praias albanesas, muitas vezes designadas por Riviera Albanesa o que acaba por ser favorável para a economia.
O Kanun é um código de leis consuetudinárias que o povo trás desde a era do Bronze e que, após o colapso do regime comunista, voltou a vigorar em áreas mais remotas do território. Neste sentido, os homicídios são um problema crescente, especialmente as "vinganças de sangue". Dados relativos ao ano de 2014, apontam para que cerca de 3 mil famílias estivessem envolvidas em vinganças de sangue sendo que, desde o fim do comunismo, já se contam cerca de 10 mil mortos devido a esta problemática.
Posto isto, o livro que escolhi não podia ser mais representativo do país e das suas questões uma vez que aborda a temática das vinganças de sangue.
Abril despedaçado é um livro que trouxe comigo da biblioteca e que, desde logo, me despertou a curiosidade pelo facto de se focar em práticas culturais patentes na Albâniae que para mim eram totalmente desconhecidas.
Sob três pontos de vista, o de um rapaz que reside no planalto, o de um casal em lua-de-mel e o de um intendente do sangue, o autor aborda a problemática consuetudinária mais concretamente, o direito de resgatar o sangue. Isto mais não é do que, um direito que subsiste em dadas famílias, geração após geração, e que faz com que umas tenham direito de matar uma pessoa da outra família e vice-versa. Conjuntamente a isso é acrescido o pagamento de um imposto a um príncipe do planalto albânes. Esse dinheiro e essas cobranças são geridas pelo intendente do sangue.
"Pouco faltou para desatar a rir. Não podia viver antes de ter matado! Só depois, quando estivesse por seu turno ameaçado de morte, é que, para ele, a vida recomeçaria."
Ora o rapaz que referi e cujo nome é Gjorg, vê-se a braços com a missão de matar um membro de uma família que havia matado o seu irmão e, ao longo da narrativa, somos confrontados com os seus sentimentos, alguns deles contraditórios, relativamente ao matar e, posteriormente, ao facto de ter ele próprio uma sentença de morte.
"Um ano e meio depois do assassínio do irmão, a mãe tinha acabado finalmente por lavar a camisa que o infeliz usara naquele dia. Durante um ano e meio, ensanguentada, ela permanecera pendurada, como exigia o Kanun, no andar de cima da torre, à espera do resgate do sangue. Quando as manchas de sangue começavam a amarelecer, dizia-se, era o sinal absoluto de que o morto começava a atormentar-se por ainda não ter sido vingado."
Era esperado que ele vingasse o irmão, que ele matasse, mas isso não deixa de lhe criar vários constrangimentos e vários questionamentos relativamente aos usos e costumes da sua gente. Isto vai sendo dado a conhecer ao leitor, durante a viagem que Gjorg faz com o intuito de pagar o imposto de sangue, após ter morto um homem. Durante essa jornada, que parece não ter fim, ele cruza-se com vários outros habitantes do planalto que vivem intensamente as suas práticas como sejam as relativas ao noivado/matrimónio.
"Observando os baús coloridos que continham sem dúvida o enxoval da noiva, perguntou a si próprio em que esconderijo, caixa, algibeira, colete bordado, os pais da noiva tinham posto o «cartucho do enxoval», com o qual, segundo o Código, o marido tinha o direito de matar a jovem esposa se ela tentasse alguma vez abandoná-lo."
São relatos como o acima citado que impressionam e que me fizeram reflectir e, de certo modo, revoltar. Também não deixa de ser completamente aberrante o facto de um jovem casal residente em Tirana ter escolhido o planalto para passar a sua lua-de-mel. Tal foi determinado com vista ao marido, escritor de profissão, ter uma noção in loco das práticas vigentes. A jovem esposa resigna-se com esse facto mas, ao longo da história, vai-nos sendo apresentada a sua revolta interior relativamente a factos que para o marido, não deixam de ser, morbidamente impressionantes e grandiosos.
A última perspectiva, a do intendente de sangue, dá-nos a conhecer as preocupações económicas do facto de, a principal fonte de rendimento do príncipe, isto é, o imposto sobre o resgate do sangue, estar em decréscimo. Sendo o intendente responsabilizado pela diminuição no número de mortes e, consequentemente, pelo decréscimo do pagamento do imposto, aquele resolve sair do palácio em busca de respostas.
Este é um livro curioso que me impressionou dado os factos terríveis que relata mas, do qual, ao mesmo tempo, consegui gostar tanto. Um livro que mexe com o nosso interior. Uma escrita com muita qualidade não fosse o autor sido várias vezes nomeado para prémio Nobel e ter já vencido prémios como o Man Booker Prize (2005). Actualmente, vive em França país no qual procurou exílio em 1990 após ter sido intimidado pelo governo albanês. Curioso é o facto de ser dos poucos escritores desta nacionalidade autorizado pelo antigo regime comunista.
Foi adaptado para o cinema por Walter Salles. Deixo o trailer abaixo sendo certo que vou procurar vê-lo em breve.
Quando era criança, A bela e o monstro era dos meus filmes preferidos. Vi-o vezes sem conta. Já sabia as cenas praticamente de cor. Adorava as personagens. Identificava-me com a Bela por ser alguém que adorava ler, que andava sempre meio distraída e no seu "mundinho". Não conseguia deixar de achar o monstro fofo. Recordava com um sorriso nos lábios a cena em que a Bela e o monstro atiram bolas de neve um ao outro. Achava super romântico. E o que dizer dos objectos falantes? A pequena chávena então... Que doçura!
Quando soube desta nova versão da Disney fiquei com imensa curiosidade em ver e, após isso acontecer, confesso que as minhas expectativas não saíram defraudadas, muito pelo contrário. Adorei o filme. Foi muito bom recordar as músicas e ver a forma com as personagens ganham uma nova vida. Na minha opinião, a Emma Watson está fantástica enquanto Bela e, apesar de todas as controvérsias, acho que o Le Fou está o máximo.
Os cenários estão super bem cuidados bem como o guarda-roupa. Os efeitos criados para dar vida aos objectos também estão bastante bem concebidos. Claro que, saí com a lagrimita ao canto do olho e, nos dias seguintes, não deixei de dar por mim a trautear as músicas do filme.
Recomendo vivamente a toda a gente. Como se costuma dizer, a miúdos e graúdos =)
Trouxe este livro da biblioteca para poder participar no projecto do grupo do facebook World Book Touro qual tenho vindo a divulgar aqui pelo blog. No presente mês de Abril deveriam ser lidos autores de nacionalidade alemã. Quando vi a lista de autores sugeridos por algumas das dinamizadoras do projecto, dei de caras com Patrick Suskind. Autor do tão afamado livro, O perfume. De Suskind, apenas tinha lido essa mesma obra e, ao contrário de muitas outras pessoas, não me tinha tocado especialmente.
Contudo, a experiência que tive com este pequeno livro foi completamente diferente. Tanto é que me é impossível atribuir-lhe qualquer outra pontuação que não as 5 estrelas.Gostei mesmo bastante.
Basicamente, a narrativa gira em torno de uma única personagem, das suas rotinas e do conforto que estas lhe proporcionam. Isto até ao ponto da história em que ele se depara com uma pomba e questiona várias coisas na sua vida, pensa fazer mudanças e, de algum modo, sobressaem todos os traços extremamente obsessivos que o caracterizam. Tudo isto acaba por ocorrer num único dia embora dê para compreender, através da escrita do autor, quão diferentes são os dias habituais e qual o transtorno que as mudanças que o contacto com a pomba causa nas rotinas diárias do nosso personagem. Neste ponto, é possível depreender que unicamente aquelas rotinas, pautadas por comportamentos obsessivos, são o que lhe trás tranquilidade isto porque, na minha opinião, nem sequer se poderá falar em felicidade uma vez que a personagem é uma pessoa bastante só. Uma pessoa que, para além disso, não tem qualquer tipo de relação de afectividade e que passa os dias a desempenhar um determinado número de actividades rotineiras como, o ir para o trabalho aquela hora em ponto, o levar a roupa à lavandaria sempre dentro da mesma mala e sempre no mesmo dia. Qualquer obstáculo a este trajecto digamos assim faz com que ele acredite que aquele já não será um bom dia.
Li este pequeno livro num ápice e, sem dúvida que foi uma escrita que me prendeu completamente e me levou a querer ler mais do autor e, quiçá, reler O perfume.
O grupo do Goodreads intitulado clube dos clássicos vivos visa fazer leituras bimensais de clássicos da literatura e, posteriormente, permitir uma troca de impressões entre os vários participantes da leitura. Este grupo está a ser dinamizado pela Cláudia do Canal A mulher que ama livros e pela Elisa do blog A miúda Geek.
O livro escolhido para Janeiro/Fevereiro foi O crime do Padre Amaro do autor português, Eça de Queiróz, o qual me propus ler. Contudo, apenas comecei e terminei o livro durante o mês de Março.
Eça de Queiróz é dos meus autores portugueses favoritos. Tenho a maioria das obras do autor nestas edições pequeninas, em capa dura que são simplesmente amorosas. Já li vários livros dele mas, nunca tinha lido o livro em questão pelo que achei que esta seria uma boa oportunidade para tal. Apenas havia visto há vários anos a adaptação cinematográfica com a Soraia Chaves e o Jorge Corrula. Grosso modo, sabia a trama principal do livro embora, certos pormenores, me fossem desconhecidos.
De qualquer forma, gostei bastante do livro daí ter-lhe atribuído 4 estrelas no Goodreads. É mais uma obra pautada pela enorme sagacidade e perspicácia do autor. Marcada também pelo humor, pela ironia e, acima de tudo pela crítica social neste caso em particular, pela crítica à igreja católica e seus mais fervorosos seguidores. A crítica incide sobre os comportamentos menos ortodoxos dos padres e na extrema dedicação das chamadas beatas que, muitas vezes, chegam elas mesmas, a partilhar o leito com os párocos. Estes, manipulam-nas, a seu bel-prazer e sempre tendo como argumento ser essa a vontade de Deus, Nosso Senhor.
Na minha opinião, este livro não é tanto feito pelas descrições exaustivas que caracterizam outras obras do autor. É todo ele virado para a igreja e para as vidas dos seus representantes, digamos assim. Confesso que existiram partes que achei algo repetitivas pelo que demorei algum tempo a concluir esta leitura mas, sem dúvida que é uma grande obra, em muitas coisas, bem à frente do seu tempo e bastante actual. Acabei por ter uns odiozinhos em relação a algumas personagens nomeadamente, ao próprio do Padre Amaro que, basicamente, só pensava no seu umbigo e também à Amelizinha que, queria ser tão pura, tão pura, que acabou por cair em desgraça.