segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Uma fortuna perigosa, Ken Follett (#outubrovictoriano)

Ken Follett é um autor muito lido, muito falado e muito apreciado. O meu pai é uma das pessoas que aprecia ler estes livros. 
Em Portugal existem vários livros traduzidos. Eu apenas tinha lido um livro do autor há bastante tempo. Para falar a verdade nem me lembro ao certo qual foi o livro. Apenas sei que não é nenhum dos mais conhecidos e aclamados do público. 

Durante o mês de Outubro, a Elisa do blog A miúda Geek resolveu criar um projecto intitulado Outubro Victoriano. As leituras teriam que ser de autores victorianos, mais concretamente livros publicados entre 1832 e 1902 ou então, livros de autores contemporâneos mas cuja acção se passasse  no referido período. Pois que resolvi aproveitar para ler um livro que o meu pai tem e sobre o qual já tinha passado os olhos por diversas vezes sobretudo pelo facto da capa me despertar atenção. Falo-vos do livro Uma fortuna perigosa.

Acabei por fazer uma leitura conjunta com a Elisa e com a Tita (O prazer das coisas) sendo que todas nós adorámos o livro e esta leitura conjunta foi uma experiência muito positiva. 

Começo por dizer que lhe atribuí 5 estrelas no Goodreads.






Editora: Editorial Presença 
Ano publicação:2015
Nº páginas:  566 páginas
Pontuação atribuída: 5 estrelas no Goodreads


Este é realmente um livro de época que retrata a vida dos elementos de uma família de banqueiros, os Pilaster.  A acção foca várias gerações dessa mesma família e ocorre ao longo de vários anos mais concretamente entre 1866 e 1892. 
A escrita é bastante fluída e a forma como o autor termina cada capítulo faz-nos ter vontade de querer saber mais. É difícil parar de ler. As personagens estão super bem construídas prova disso é o facto de terem despertado em mim mais ou menos animosidade. Enquanto uns elementos da família são bondosos, justos e inteligentes outros há que fazem de tudo para subirem na vida. Por muito que já tenham, querem sempre mais e melhor. Mais dinheiro, mais títulos, maior reconhecimento. 
O autor introduz também várias outras personagens que, de uma forma ou de outra, acabam por se cruzar com a família Pilaster. Aqui falo não só de pessoas de classes sociais elevadas como também de outras menos abonadas. E é aqui que Ken Follett consegue revelar a sua mestria. Descreve ambas as classes sociais, diferencia-as face ao estilo de vida, aos passatempos, ao trabalho, entre tantas outras coisas. Faz-nos um retrato fiel daquilo que era a sociedade do século XIX. 

 "As divisões da sociedade britânica viam-se meticulosamente espelhadas nos meios de transporte: a alta sociedade viajava no luxo estofado dos vagões de primeira classe, comerciantes e professores enchiam, embora com conforto, a segunda classe, e os operários fabris apinhavam-se juntamente com o pessoal doméstico nos duros bancos de pau da terceira. Quando desciam do comboio, a aristocracia subia para coches, a classe remediada apanhava ónibus puxados por cavalos, e os trabalhadores iam a pé. Os piqueniques dos ricos tinham chegado em comboios anteriores: dezenas de cestos, carregados às costas de lacaios jovens e robustos, cheios de louça e roupa de mesa, frangos cozinhados e pepinos, champanhe e pêssegos de estufa. Para os menos abastados, havia bancas a vender salsichas , berbigão e cerveja. Os pobres levavam de casa pão com queijo embrulhado em guardanapos."


O interessante é ver como se "mudam os tempos, mudam-se as vontades". Pessoas com mais ou menos dinheiro vão existir sempre. Com melhor vida que outras também mas, não deixa de ser engraçado saber que, no século XIX, os "ricos" não gostavam de ir a restaurantes, por exemplo. Disso é ilustrativo a seguinte citação:

"Embora os restaurantes se fossem tornando mais comuns, eram sobretudo as classes remediadas que os frequentavam: as pessoas de condição elevada continuavam a não apreciar a ideia de comer em público". 


Denota-se que o autor fez um enorme trabalho de pesquisa não só relativamente a questões da vida na época que o livro retrata como também no que se refere ao trabalho na banca. Introduz vários conceitos e explana várias situações sem contudo, ser demasiado exaustivo e, consequentemente, enfadonho. Fala também sobre alguns temas que vinham a emergir como seja a homossexualidade, o feminismo, os direitos das mulheres a cuidados de saúde, entre outros. Menciona também como era a vida em colégios internos elitistas. Como jovens poderiam ser cruéis uns para os outros e como, os comportamentos em tenra idade acabam por ter impacto na vida adulta. 

Reconheço que este não é um livro para todos. Muita gente não gosta do género e outros tantos não querem sequer experimentar e dar o benefício da dúvida. Eu adorei e, talvez seja desta que comece a ler os vários livros do autor que tenho a sorte de ter ao dispor.


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