quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Opinião #35: A avó e a neve russa, João Reis

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Editora: Elsinore
Ano publicação: 2017
Nº páginas:  224 páginas 
Pontuação atribuída: 4,5 estrelas no Goodreads










Soube da existência deste livro após ver a opinião da Dora. Dado a sua opinião ser bastante positiva, fiquei curiosa e quando o vi na biblioteca, tive que o trazer. 
A capa é maravilhosa. Adoro a ilustração e a edição também é bastante cuidada.



"Ao perguntar à Babushka se odeia os russos, ela encolhe os ombros e diz-me que não, porque então teria de odiar todos os homens - no fundo, são todos iguais, sejam eles americanos, russos ou canadianos."



Assim se inicia este livro que toca no tema de Chernobyl e nos que vivenciaram a tragédia. A história é narrada na primeira pessoa mais concretamente por um pequeno rapaz de 10 anos que tem a sua avó doente. A Babushka é uma idosa russa que, após o desastre de Chernobyl, emigrou para o Canadá, local onde decorre a maior parte da narrativa. É uma sobrevivente de Chernobyl mas vive com problemas de saúde causados pelo acidente e que se agravaram nos últimos tempos, incapacitando-a. 

A idosa vive com os seus dois netos e são a única família uns dos outros. O mais novo, faz de tudo para tentar recuperar os "pulmões destruídos" da sua Babushka o que torna a história ternurenta. São retratados vários episódios do que o jovem é capaz de fazer para tentar curar a sua avó. Episódios esses que ocorrem não só no Canadá mas também nos EUA. São-nos apresentadas várias personagens curiosas que vão trazendo os seus contributos para a história em particular com as suas crenças em termos de saúde e doença. Até existe um português, o senhor Pereira, emigrante no Canadá e dono de um estabelecimento comercial junto à casa da Babushka. Um senhor que o menino acredita que tem fé no seu galo (referência ao galo de Barcelos). 


"(...) o mais importante é salvar a Babushka, tirar-lhe as dores e levá-la ao céu sem ser pelo sexo (já não tem idade, pobrezinha) nem pela mão do Jesus, porque Jesus só leva as pessoas mortas e com ela morta, não podemos continuar naquela casa, juntos."


Por ser narrada por uma criança, a história é um tanto ingénua e irónica o que torna o livro especial e delicioso embora tenha muito para ensinar a todos nós, adultos. Eu amei. 


"Queria ser uma gaivota e voar sobre a cidade; porém, sou um rapaz e tenho de caminhar pelo chão e ser, um dia, em brebe, homem."



Embora o seu trabalho seja essencialmente enquanto tradutor, Joaõ Reis tem outros títulos publicados nomeadamente A devastação do silêncio e a A noiva do tradutor. Fiquei com curiosidade de explorar estas outras obras embora, pela sinopse, me pareçam bastante diferentes da que aqui apresento. 


"Se te sentes ansioso, vives no futuro; se te sentes triste, vives no passado. É chegada a altura de viveres no presente e de ergueres a cabeça."






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