Editora: Alfaguara
Ano publicação: 2015
Nº páginas: 303 páginas
Pontuação atribuída: 3 estrelas no Goodreads
Inspirado na história de uma sem-abrigo, María del Rosario Endrinal Petit, que foi queimada viva no interior de um ATM em Barcelona, em 2005. Foi bestseller em 40 países e vencedor do prémio Publieksprijs em 2009.
As premissas são interessantes e a forma como são apresentadas também. Na realidade, a acção decorre maioritariamente durante um jantar embora por momentos, recue para poder contextualizar determinados aspectos. Passamos então do aperitivo, para a entrada, o prato principal, a sobremesa, o digestivo e a conta.
É um livro por vezes cruel. O autor não nos priva de detalhes e a narrativa é crua e um tanto dura. É a realidade das relações, das discriminações raciais e de outras minorias. Vidas repletas de mentiras e falsidades que acabam por ser pautadas pelas aparências. No entanto, acabo por ficar com a sensação que o personagem que inicialmente nos é apresentado como tendo menos princípios é aquele que nos surpreende pela positiva. Sobretudo, é um livro sobre famílias e as suas disfuncionalidades. Um retrato que parece distante mas que podia recair sobre a nossa própria realidade.
Fala-nos sobretudo de falta de princípios, regras e limites. Em como quando os próprios pais fazem de tudo para proteger os seus filhos adolescentes mesmo quando esse tudo faz com que eles próprios sejam pessoas sem princípios. Parece que é com isto que nos deparamos hoje em dia na nossa sociedade e julgo ter sido sobre isso que o autor nos quis fazer reflectir. Acabei por lhe atribuir apenas 3 estrelas por não ter ficado muito encantada com o final do livro. No entanto, foi um livro que me prendeu. Li-o rapidamente e estava sempre com vontade de lhe pegar.
Deixo aqui duas citações que, para mim, retratam esta reflexão sobre a sociedade actual e sobre as relações que vamos estabelecendo.
"(...) acontece muitas vezes as fricções constantes serem o verdadeiro motor de um casamento, em que cada discussão é o prelúdio para o momento em que voltam a fazer as pazes na cama."
"Era assim que eu via às vezes a vida, como um prato de comida a arrefecer. Sabia que tinha de comer, caso contrário morria, mas tinha perdido o apetite."
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