sexta-feira, 12 de abril de 2019

Opinião #39: A gorda, Isabela Figueiredo


Editora: Caminho
Ano publicação: 2016
Nº páginas:  288 páginas 


Pontuação atribuída:
 4 estrelas no Goodreads



"O amor talvez seja ficarmos a rir olhando para o rosto da pessoa amada, não nos importarmos que nos chame de parvos, depois levantarmo-nos, bracá-la e beijá-la. E mais nada."





Neste seu primeiro romance, Isabela Figueiredo traz-nos a história de Maria Luísa, uma mulher que se vê a si própria como gorda e condiciona toda a sua vida atendendo a esse seu sentir.
Maria Luísa vai vivendo a vida com os seus percalços, desilusões e alegrias. Vai sofrendo perdas, enamorando-se e vivendo a solidão. 

Comprei este livro na Feira do Livro de Lisboa de 2018. Inclusivamente tenho-o assinado pela autora que, gentilmente, me escreveu uma pequena mensagem. Comprei-o porque já tinha ouvido falar bem dele nos meandros da Internet. Foi ficando na estante e, este mês, resolvi-me a pegar nele para o poder incluir em dois projectos em que estou a participar mais concretamente o projecto A ler vamos chamar a Primavera (Letra I) e o projecto Lusiteratura (Livro publicado há menos de 10 anos). 

Foi uma surpresa tão agradável. Uma leitura deliciosa. Acabei por fazer imensas marcações do livro o que até nem tenho por hábito. Mas ele tem várias passagens que, efectivamente, são marcantes. 
Fiquei a pensar se não seria um tanto autobiográfico dado que parecem existir partes da biografia da autora que se tocam com a história da Maria Luísa. No entanto, a Maria Luísa não poderia ser qualquer um de nós?

A autora divide o livro em oito grandes capítulos. Em cada um deles refere-se a uma divisão da casa que a personagem habita o que me pareceu bastante interessante. 

A narrativa vai do passado ao presente embora de forma fluída. Na minha opinião, não trás confusão ao leitor, pelo contrário, enriquece a experiência de leitura. 

É um livro sincero que nos fala de preconceitos e estereótipos que tão bem conhecemos que, muitos vivemos e alguns de nós acabam por fazer viver aos outros. No entanto, o livro vai bem além disso. Faz-nos reflectir sobre a vida, sobre as relações amorosas e sobre as relações que temos com os nossos familiares. Faz-nos pensar na morte e na solidão. Sim, a Maria Luísa podia ser qualquer um de nós. Cheia das suas incertezas, das suas forças e fraquezas. Cheia de amor para dar e ninguém para o receber. Porque a vida é isso mesmo e, este livro, é um relato da vida. 


"As pessoas morrem e depois já não podemos dizer-lhes de viva voz que tinham razão, que aprendemos as suas lições, que compreendemos o quanto nos amaram e as amámos, ainda amamos, não tendo culpa de aqui andarmos tanto anos cegos, surdos e mudos."



"Tê-lo amado sozinha, imaginando-me com ele entre aventuras e beijos, nos confins do mundo, embalou os meus sonhos de amor, entreteve e aliviou o meu quotidiano, manteve-me alerta e eserançosa e deu-me tempo para curar as feridas antes de me lanças em novos voos."


"Não somos capazes de ver os pais como pessoas iguais a nós, como penso que eles não são capazes de nos ver como pessoas que também já foram, antes de se terem tornado aqueles que conhecemos. Somos continuações e prolongamentos uns dos outros, que se escondem e se temem."

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Opinião #38: Fredo, Ricardo Fonseca Mota



Editora: Gradiva
Ano publicação: 2016
Nº páginas:  292 páginas 


Pontuação atribuída: 4 estrelas no Goodreads



Fredo conta a história de Adolfo Maria, um jovem do interior que se muda para Lisboa à procura de um lugar para ser diferente, e a história de Fredo, um homem que teve quatro famílias e morreu sozinho. Dois mundos que se tocam, duas histórias em contramão. É um elogio aos heróis que nunca foram cantados, aos amores sem testemunho, às mortes solitárias. 

Terminei este livro já há algum tempo mas não quis deixar de o partilhar convosco pelo facto de me ter surpreendido pela positiva. Trouxe-o da biblioteca sem conhecer nem o livro nem o autor. Veio comigo simplesmente pelo facto de se tratar de um autor português e do livro ter ganho um prémio literário, mais concretamente, o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luis do ano de 2015. Com isto, podia lê-lo no mês de Março e incluí-lo na categoria vencedor de um prémio literário do projecto da Patrícia Rodrigues, #lusiteraturas o que foi o que acabou por suceder.

Gostei muito da história e da forma como os acontecimentos são narrados. Cruza várias vidas e vai do passado ao presente acabando por focar um episódio da história mundial o que, para mim, foi uma surpresa. Não estava mesmo nada à espera. 

O livro centra-se nas histórias do jovem Adolfo Maria e de Fredo, um homem que se encontra na fase final da sua vida. Um jovem sonhador e um homem que já viveu e já passou por muito. Estas duas vidas acabam por se cruzar por acaso e, a meu ver, enriquecer-se bastante uma à outra. E tudo acaba por ter como ponto de partida a curiosidade sobre um livro e umas quantas partidas de xadrez que se dão como forma de justificar os encontros e as histórias contadas. 

Um livro que acabou por me tocar e que me fez reflectir sobre a vida e sobre a forma como, muitas vezes, é vivida de forma tão fugaz e impensada. Faz-nos pensar sobre as relações e não deixa de nos trazer uma mensagem sublimar sobre a solidão nos idosos e sobre a forma como cada um de nós até poderia modificar um pouco essa situação. É só começar com os que nos são queridos.

Deixo-vos com algumas citações que me marcaram particularmente. 


"Alguém me ensinou que cada pessoa é uma casa, um lugar de abrigo, liberdades, poder. Oculto. Dizemos que uma casa é bonita, grande, velha, esquisita, abandonada. Valorizamos a fachada, mas é de dentro dela que olhamos o mundo pela janela e pela imaginação."



"Somos uns bichos de guerrilha e quando alguma coisa não está bem conseguimos arranjar culpados para tudo. A culpa é sempre do pai, de deus, do estado. No limite, a culpa é da sorte."




"O crescimento é um gesto que se cansa. O cabelo não cai, simplesmente deixa de nascer."



"Esquecer e ser esquecido são duas sílabas da palavra morte. Estar vivo é ter alguém que note a nossa ausência. Ao mesmo tempo, envelhecer é esquecer, não saber onde pomos as coisas."



Fiz uma breve pesquisa e penso que o autor não tem mais livros publicados. Se estiver errada, corrijam-me por favor. Já conheciam o livro? Leram? Gostaram?

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Abril, projectos mil

Resolvi escrever este post inspirada pelo vídeo da Isa no qual ela fala dos vários projectos que pretende participar durante o mês de Abril e os livros que quer ler para os mesmos. 

Também eu andava ando meio perdida com os vários projectos que resolvi participar este mês e com a imensidão de livros que me propus a ler para cada um deles. Desta forma e, à semelhança da Isa, resolvi escrever este post como uma forma de organizar as minhas leituras e incluí-las nos respectivos projectos. É como que uma TBR do mês de Abril.

Até ao momento concluí apenas a leitura do primeiro livro da lista e tenho outra em curso o que não parece ser um bom presságio mas a ver vamos, até ao lavar dos cestos é vindima. Segue-se então a lista dos livros que pretendo ler e quais os projectos em que se incluem e, caso isso se justifique, qual a categoria que visam cumprir.



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Projectos: 
#anocolorido (capa rosa)
#MLVoltaaoMundo15 (9. EUA)



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Projectos: 
#abrilhistórico (Projecto Elisa - A miúda geek)
#lusiteratura (Autor com mais de 35 anos)
#MLVoltaaoMundo15 (10. Portugal)
A ler vamos chamar a Primavera (Letra R)



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Projectos: 
#lusiteratura (Publicado há menos de 10 anos)
A ler vamos chamar a Primavera (Letra I)



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Projectos: 
Ler Kristin Hannah (projecto da Dora e da Maria João Covas)



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Projectos: 
The Bibliophile club (Thrillers/mistérios)
#MLVoltaaoMundo15 (3. Reino Unido)



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Projectos: 
Projecto So happy with non fiction (História)


Para além dos livros mencionados, tenho também na minha lista super ambiciosa dois livros da Karin Slaughter autora que se tem revelado uma óptima surpresa. Refiro-me ao livro A boa filha e ao livro Génesis.

Quero ainda mencionar que, como já vem sendo hábito, a Mafalda do canal A outra Mafalda durante este mês, está a organizar o seu projecto de ler contos (#abrilcontosmil). Vou tentar incluir algum conto para esse projecto. Não é um género que costume ler muito mas até tenho livros de contos cá em casa e é uma leitura relativamente fácil de fazer. Inclusivamente comprei não há muito tempo o livro Todos os contos da Clarice Lispector  e ainda não lhe peguei. Está aqui uma boa oportunidade!


terça-feira, 9 de abril de 2019

Opinião #37: Entre mulheres, Julianna Baggott


Editora: Ulisseia
Ano publicação: 2007
Nº páginas:  212 páginas 


Pontuação atribuída: 2 estrelas no Goodreads


Neste livro, a autora conta-nos a história de um verão da vida de Lissy Jablonski e da forma como este teve impacto na sua vida actual e na sua relação com os seus familiares mais próximos em particular com a sua mãe. Traça-nos também a perspectiva de que esses acontecimentos vieram a marcar a vida pessoal e sobretudo, amorosa da personagem principal.

Tinha este livro cá em casa há vários anos. Sinceramente, já nem sei bem como cá veio parar. Estava mais que encostado. Tinha-o tirado das estantes devido ao projecto #chickladlit da Dora que ocorreu no passado mês de Março. Acabei por não lhe pegar para esse projecto mas atendendo que estou a participar no projecto anual #anocolorido e que o rosa é a cor do mês de Abril, resolvi-me a lê-lo. Também acabei por o incluir na maratona #MLVoltaaoMundo15. Com a sua leitura acabei por cumprir o desafio 6 dessa mesma maratona, ou seja, ler um livro de um autor nascido nos EUA. 

E o que tenho a dizer sobre este livro? Para mim deixou muito a desejar. Não sei bem do que estava à espera mas, na realidade, gostei muito pouco do livro daí a pontuação tão baixa que acabei por lhe atribuir. Não consegui ter grande conexão com a história nem com as personagens. Por vezes senti-me algo perdida com a leitura e não sabia bem onde a autora queria chegar com aquilo. Achei confuso e acabou por se tornar repetitivo. Focou-se demasiado num facto que não irei mencionar para não dar spoilers mas toda a narrativa andou à volta disso mas, na minha opinião, de uma forma muito pobre.

Na realidade, as minhas últimas leituras não me têm enchido nada as medidas. Será que isso irá mudar em breve? Ontem comecei a ler um livro de uma autora portuguesa e, até agora, estou a gostar. 



"Um mês antes da morte do meu pai, no Outono de 1999, o Church Fiske veio bater-me ao ferrolho. Já não o via desde esse longínquo Verão em que o meu pai se raspara com uma ruiva, empregada bancária em Walpore, tinha eu os meus quinze anos, esse Verão em que a minha mãe decidira aconselhar-me na arte da omissão, ensinar-me a mentir sem ninguém dar por isso ou, melhor dizendo, a escolher - com algum esforço e um pouco de concentraç\ao, aquele tipo de verdade que mais nos convém, de entre todas as verdades que a vida pode oferecer-nos."

terça-feira, 2 de abril de 2019

TBR Maratona literária Volta ao mundo

De 25 de Março a 21 de Julho de 2019, a Roberta do Flames e a Cristina do Linked books estão a organizar mais uma original maratona literária. Como já vem sendo hábito, vou participar! 




Trago-vos hoje a minha TBR para a Maratona literária Volta ao mundo. São 15 os desafios gerais desta maratona. Desafios esses que nos levam a fazer uma viagem literária pelo mundo uma vez que a cada desafio está associado um país ou conjunto de países. Ou seja, para cada desafio, é esperado que se leia um livro cujo autor/autora seja natural daquele país. No final, com a partilha dos livros lidos, devemos colocar uma citação dos mesmos que tenha sido particularmente significativa para nós. 

Deixo então os países que compõem estes quinze desafios e os livros que planeio ler para cada uma das categorias.


1. América latina - Colômbia





2. Espanha





3. Reino Unido ou Irlanda - Reino Unido





4. Itália 





5. Países nórdicos





6. Japão


??????



7. Ex-URSS - Rússia





8. País à escolha (não pode ser repetido) - Egipto





9. EUA ou Canadá - EUA





10. Portugal





11. França





12. Brasil





13. Países árabes - Argélia





14. Países africanos





15. China





Existem também desafios extra a cada um dos quais acrescem 25 páginas às lidas para a maratona. Ao todo são cinco e estão relacionados com fotografias. São eles:

A. Tirar uma foto do livro que estás a ler neste momento usando um bilhete como marcador de livro (pode ser qualquer bilhete de transporte).

B. Tira uma foto com o livro que estás a ler neste momento dentro de uma mala (pode ser mala de viagem, saco de viagem, etc).

C. Tira uma foto de ti a ler num meio de transporte. 

D. Tira uma foto de um livro ao pé de uma árvore (há quem use o musgo das árvores para perceber onde é o norte).

E. Em que dia vais viajar? Pensa no dia da tua próxima viagem e usa esse número para contares os livros da tua estante. Quando chegasse ao livro correspondente, tira uma foto. 


Embora ainda não tenha concluído nenhuma das leituras a que me propus, acabei de tirar uma foto para o desafio E pelo que fiz um álbum no grupo do facebook criado para partilha de leituras. Se ainda não conheciam esta maratona, juntem-se ao grupo do facebook e partam nesta viagem.

E já agora, não sei se reparam mas, ainda não escolhi nenhum livro para o desafio 6 correspondente ao Japão. Tem algum livro/autor que me possam sugerir?

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Opinião #36: Becoming, a minha história de Michelle Obama


Editora: Objectiva
Ano publicação: 2018
Nº páginas:  400 páginas 


Pontuação atribuída: 4 estrelas no Goodreads


Hoje trago-vos um livro que tem sido imensamente falado e que quando saiu, esgotou quase de imediato. Trata-se da biografia da Michelle Obama. A sua história e as suas memórias desde que era uma criança a viver num bairro de Chicago tido por problemático até se tornar primeira-dama de uma das maiores potências mundiais, os EUA.

Fala da sua família e da sua relação com a mesma. Fala do facto do pai ter esclerose múltipla mas de sempre se ter negado a se resignar à sua situação clínica, lutando contra as limitações que foram sendo cada vez mais e maiores. Fala da morte deste. Fala do irmão, da mãe e de tantos outros parentes que de uma forma ou de outra a marcaram.

Michelle fala também de discriminação racial. Discursa sobre ter sido a primeira mulher negra em uma série de contextos. Ser a primeira mulher negra a tornar-se primeira dama dos EUA seria apenas mais um deles. 

Faz uma retrospectiva daquilo que foi a sua vida académica e o início da sua vida laboral, num escritório de advogados. Mostra como sempre foi uma eterna insatisfeita que sempre fez de tudo para procurar sentir-se feliz e realizada profissionalmente. Embora com uma licenciatura em direito, trabalhou em várias áreas e quis fazer a diferença, lutando e dando a cara por diversas causas. 

Diz-nos como conheceu Barack Obama, como se apaixonaram e como foi o início da relação de ambos. Fala-nos da dificuldade que tiveram para engravidar e da felicidade imensa que tiveram quando o conseguiram. Diz-nos como é que o marido ingressou na política e de como inicialmente, ela não estava totalmente de acordo. Fala da campanha de Barack Obama para presidente e, mais à frente, de alguns episódios de como é residir na Casa Branca. 

Aproveita também para assumir a sua opinião não muito positiva em relação a Donald Trump.

Um livro grande. Um grande livro. Um género que não estou nada habituada a ler. Presumo que tenha sido mesmo a primeira biografia que li. Contudo, suscitou-me imensa curiosidade por toda a gente andar a falar sobre este livro e pelo facto de ser sobre quem é. Não sei bem explicar porquê mas gosto da Michelle e, depois de ler este seu livro, gosto ainda mais dela. É autêntica, é uma mulher de armas e no fundo, uma mulher como todas nós. Demonstra isso mesmo ao longo destas 400 páginas em que é certo que houve momentos mais parados e alguns mais repetitivos mas, por outro lado, houve páginas que fui devorando. É sincera, é uma escrita real e sem grande floreados. 

Já tinha o livro aqui por casa há algum tempo e resolvi-me a pegar nele devido ao projecto So happy with non fiction da Raquel do So happy with less. Este projecto teve início no mês de Março e é um clube literário onde é suposto que se vão lendo e descobrindo livros de não ficção. No final de cada mês, a Raquel coloca vários géneros a votação e, posteriormente, anuncia o género que será lido no mês seguinte. O género escolhido para o mês de Março foi Biografia e a minha escolha acabou por recair pelo livro que aqui apresento. Em Abril iremos ler livros de história. 

E vocês, gostam de ser livros de não ficção e biografias em particular? Já leram este?