quinta-feira, 11 de abril de 2019

Opinião #38: Fredo, Ricardo Fonseca Mota



Editora: Gradiva
Ano publicação: 2016
Nº páginas:  292 páginas 


Pontuação atribuída: 4 estrelas no Goodreads



Fredo conta a história de Adolfo Maria, um jovem do interior que se muda para Lisboa à procura de um lugar para ser diferente, e a história de Fredo, um homem que teve quatro famílias e morreu sozinho. Dois mundos que se tocam, duas histórias em contramão. É um elogio aos heróis que nunca foram cantados, aos amores sem testemunho, às mortes solitárias. 

Terminei este livro já há algum tempo mas não quis deixar de o partilhar convosco pelo facto de me ter surpreendido pela positiva. Trouxe-o da biblioteca sem conhecer nem o livro nem o autor. Veio comigo simplesmente pelo facto de se tratar de um autor português e do livro ter ganho um prémio literário, mais concretamente, o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luis do ano de 2015. Com isto, podia lê-lo no mês de Março e incluí-lo na categoria vencedor de um prémio literário do projecto da Patrícia Rodrigues, #lusiteraturas o que foi o que acabou por suceder.

Gostei muito da história e da forma como os acontecimentos são narrados. Cruza várias vidas e vai do passado ao presente acabando por focar um episódio da história mundial o que, para mim, foi uma surpresa. Não estava mesmo nada à espera. 

O livro centra-se nas histórias do jovem Adolfo Maria e de Fredo, um homem que se encontra na fase final da sua vida. Um jovem sonhador e um homem que já viveu e já passou por muito. Estas duas vidas acabam por se cruzar por acaso e, a meu ver, enriquecer-se bastante uma à outra. E tudo acaba por ter como ponto de partida a curiosidade sobre um livro e umas quantas partidas de xadrez que se dão como forma de justificar os encontros e as histórias contadas. 

Um livro que acabou por me tocar e que me fez reflectir sobre a vida e sobre a forma como, muitas vezes, é vivida de forma tão fugaz e impensada. Faz-nos pensar sobre as relações e não deixa de nos trazer uma mensagem sublimar sobre a solidão nos idosos e sobre a forma como cada um de nós até poderia modificar um pouco essa situação. É só começar com os que nos são queridos.

Deixo-vos com algumas citações que me marcaram particularmente. 


"Alguém me ensinou que cada pessoa é uma casa, um lugar de abrigo, liberdades, poder. Oculto. Dizemos que uma casa é bonita, grande, velha, esquisita, abandonada. Valorizamos a fachada, mas é de dentro dela que olhamos o mundo pela janela e pela imaginação."



"Somos uns bichos de guerrilha e quando alguma coisa não está bem conseguimos arranjar culpados para tudo. A culpa é sempre do pai, de deus, do estado. No limite, a culpa é da sorte."




"O crescimento é um gesto que se cansa. O cabelo não cai, simplesmente deixa de nascer."



"Esquecer e ser esquecido são duas sílabas da palavra morte. Estar vivo é ter alguém que note a nossa ausência. Ao mesmo tempo, envelhecer é esquecer, não saber onde pomos as coisas."



Fiz uma breve pesquisa e penso que o autor não tem mais livros publicados. Se estiver errada, corrijam-me por favor. Já conheciam o livro? Leram? Gostaram?

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