Nos meus passeios pelo nosso Portugal, tornei a visitar o Palácio Nacional de Mafra. É sempre um passeio agradável que nos transporta para outras épocas. Que, tal como os livros, nos faz viajar no tempo e tomar um maior e melhor conhecimento da história do nosso país.
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Fig.1: Fachada do Palácio Nacional de Mafra. |
Pois este ano, mais especificamente a 17 de Novembro, comemora-se o tricentenário do lançamento da 1ª pedra da Basílica de Mafra e foi criado um vasto programa comemorativo que se iniciou no final do ano transacto e que pode ser consultado
aqui. São várias as iniciativas dignas de realce como seja a visita nocturna à biblioteca, a adaptação teatral da obra Memorial do convento de José Saramago e até a visita aos subterrâneos.
O monumento de que aqui falo é, sem dúvida, majestoso. Engloba um palácio, um convento, uma basílica e uma tapada. O palácio ocupa uma área de cerca de 40.000 m2 e compreende 1200 divisões, mais de 4700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. São também imensamente afamados os seus longos corredores que, de um lado ao outro da fachada principal, atingem os 232 m de comprimento (maior corredor palaciano da Europa). O Palácio foi mandado construir no Século XVIII pelo rei D. João V e é um dos mais importantes monumentos do estilo barroco em Portugal. Foi construído em pedra lioz proveniente da região e recheado com várias obras de pintura e escultura especificamente encomendadas pelo monarca a mestres italianos e portugueses.
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Fig.2: Rei D. João V. |
Nunca foi residência permanente da família real embora fosse frequentemente visitado pela mesma que ali se deslocava para comemorar algumas festas religiosas ou para caçar na tapada. Foi também ali que o último rei de Portugal, D. Manuel II, passou a última noite antes de partir para o exílio que se deu após a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.
Pautado por diversas outras singularidades, este monumento pode ser considerado único. Nele podemos encontrar: um hospital do século XVIII, dois imensos carrilhões do século XVIII, um conjunto único de seis órgãos de tubos e uma das bibliotecas históricas mais bonitas do mundo.
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Fig.3: Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra. |
A biblioteca acima representada possui um acervo de cerca de 36.000 obras entre elas alguns exemplares raros como a colecção de incunábulos (obras impressas até 1500), a "Crónica de Nuremberga" (1493), a primeira Enciclopédia (conhecida como de Diderot et D’Alembert), os Livros de Horas
iluminados (séc. XV) e ainda um importante núcleo de partituras
musicais de autores portugueses e estrangeiros, como Marcos Portugal, J.
de Sousa, João José Baldi, entre outros, especialmente escritas para o
conjunto dos seis órgãos históricos da Basílica.
Situa-se no 4º piso da ala nascente do palácio ocupando a mais nobre e vasta sala de todo o edifício. Foi construída em forma de cruz e tem 85 m de comprimento e 9,5 de largura.
Um documento assinado pelo Papa Bento XIV em 1754, concede autorização para ali constarem livros proibidos pelo Index o que é uma grande prova da importância desta biblioteca que, para amantes de livros como eu e, acredito que para todas as pessoas em geral, é de uma beleza imensa e, sem dúvida que dá vontade de ali estar e ir beber um pouco do vasto conhecimento que ali está patente.
Sem dúvida que aconselho uma visita a este espaço seja para alguma das iniciativas programadas seja numa mera visita cultural/familiar.