Ano publicação: 2016
Nº páginas: 288 páginas
Pontuação atribuída:
4 estrelas no Goodreads
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Neste seu primeiro romance, Isabela Figueiredo traz-nos a história de Maria Luísa, uma mulher que se vê a si própria como gorda e condiciona toda a sua vida atendendo a esse seu sentir.
Maria Luísa vai vivendo a vida com os seus percalços, desilusões e alegrias. Vai sofrendo perdas, enamorando-se e vivendo a solidão.
Comprei este livro na Feira do Livro de Lisboa de 2018. Inclusivamente tenho-o assinado pela autora que, gentilmente, me escreveu uma pequena mensagem. Comprei-o porque já tinha ouvido falar bem dele nos meandros da Internet. Foi ficando na estante e, este mês, resolvi-me a pegar nele para o poder incluir em dois projectos em que estou a participar mais concretamente o projecto A ler vamos chamar a Primavera (Letra I) e o projecto Lusiteratura (Livro publicado há menos de 10 anos).
Foi uma surpresa tão agradável. Uma leitura deliciosa. Acabei por fazer imensas marcações do livro o que até nem tenho por hábito. Mas ele tem várias passagens que, efectivamente, são marcantes.
Fiquei a pensar se não seria um tanto autobiográfico dado que parecem existir partes da biografia da autora que se tocam com a história da Maria Luísa. No entanto, a Maria Luísa não poderia ser qualquer um de nós?
A autora divide o livro em oito grandes capítulos. Em cada um deles refere-se a uma divisão da casa que a personagem habita o que me pareceu bastante interessante.
A narrativa vai do passado ao presente embora de forma fluída. Na minha opinião, não trás confusão ao leitor, pelo contrário, enriquece a experiência de leitura.
É um livro sincero que nos fala de preconceitos e estereótipos que tão bem conhecemos que, muitos vivemos e alguns de nós acabam por fazer viver aos outros. No entanto, o livro vai bem além disso. Faz-nos reflectir sobre a vida, sobre as relações amorosas e sobre as relações que temos com os nossos familiares. Faz-nos pensar na morte e na solidão. Sim, a Maria Luísa podia ser qualquer um de nós. Cheia das suas incertezas, das suas forças e fraquezas. Cheia de amor para dar e ninguém para o receber. Porque a vida é isso mesmo e, este livro, é um relato da vida.
"As pessoas morrem e depois já não podemos dizer-lhes de viva voz que tinham razão, que aprendemos as suas lições, que compreendemos o quanto nos amaram e as amámos, ainda amamos, não tendo culpa de aqui andarmos tanto anos cegos, surdos e mudos."
"Tê-lo amado sozinha, imaginando-me com ele entre aventuras e beijos, nos confins do mundo, embalou os meus sonhos de amor, entreteve e aliviou o meu quotidiano, manteve-me alerta e eserançosa e deu-me tempo para curar as feridas antes de me lanças em novos voos."
"Não somos capazes de ver os pais como pessoas iguais a nós, como penso que eles não são capazes de nos ver como pessoas que também já foram, antes de se terem tornado aqueles que conhecemos. Somos continuações e prolongamentos uns dos outros, que se escondem e se temem."